OS DESAFIOS DA METODOLOGIA QUALITATIVA NAS PESQUISAS EM PSICOLOGIA E EDUCAÇÃO

Palavras-chave: Epistemologia Qualitativa, Metodologia de Pesquisa, Educação e Subjetividade.

Resumo

O nascimento da psicologia trouxe consigo formas de experimentação científica que atuaram em sua consolidação enquanto ciência a partir dos primeiros trabalhos de Wundt (GONZÁLEZ REY & MITJÁNS MARTÍNEZ, 2016). Os temas da pesquisa, entretanto, sempre estiverem associados aos métodos quantitativos das ciências exatas e médicas com seus critérios de cientificidade bem definidos e reificados pelas ciências humanas e sociais. Esse trabalho defende a utilização de uma metodologia capaz de dialogar coerentemente com os campos de investigação no âmbito da psicologia e educação. Para isso, trazemos como alternativa metodológica a Epistemologia Qualitativa de Gonzalez Rey (1997, 2005), organizada para os estudos da subjetividade interpretada a partir da Teoria da Subjetividade (2005, 2007) do mesmo autor. Uma série de pesquisas tem sido desenvolvidas com a Epistemologia Qualitativa que se orienta pelo paradigma da complexidade ao estudar as relações humanas e que inaugura no campo da psicologia e educação o que Kuhn (2011) chamou de revolução científica. Dessa forma, os trabalhos aqui apresentados transitam na interface psicologia e a educação e buscam apresentar uma alternativa epistemológica e metodológica para o estudo dos processos educativos. Nesse sentido, serão abordados relatos de experiência relacionados aos temas da aprendizagem, medicalização no contexto escolar e subjetividade. Estas reflexões partem das dissertações de mestrado defendidas pelas respectivas autoras, que fazem parte do grupo de pesquisa “O sujeito que aprende: a aprendizagem como processo de desenvolvimento”.  A Epistemologia Qualitativa busca recuperar o aspecto reflexivo no fazer científico, que tem como pretensão superar o positivismo e o instrumentalismo que predomina no campo das pesquisas em educação. Fundamentada nessa compreensão, a produção do conhecimento é concebida como um processo construtivo-interpretativo, a pesquisa é caracterizada como um processo de comunicação e diálogo, e o singular é legitimado como instância de produção do conhecimento científico. Os estudos apresentados foram realizados em duas escolas públicas de Brasília – Brasil, e buscaram compreender as dinâmicas subjetivas que perpassam o ambiente escolar. A partir da análise das informações levantadas no curso de cada pesquisa, constatou-se a necessidade de se fazer uma mudança epistemológica na realização de estudo sobre as dificuldades de aprendizagem no contexto escolar. A homogeneização das práticas educativas e das formas de aprender são recorrentes na escola, gerando um processo de patologização das dificuldades de aprendizagem neste contexto. Essa visão contribui para ampliação do discurso da desigualdade, tendo em vista que o olhar patologizante define aqueles que são aptos para aprender e os que não são. As pesquisas evidenciam uma compreensão da aprendizagem a partir de um referencial organicista de desenvolvimento, o que impossibilita o entendimento acerca da diversidade das formas de aprender.

Biografia do Autor

Ana Luiza de França Sá, Instituto Federal de Brasília
Professora do Instituto Federal de Brasília. Possui graduação em Pedagogia e mestrado em Educação pela Universidade de Brasília. Atuou como professora da educação infantil e anos iniciais do ensino fundamental na Secretaria de Educação do Distrito Federal. Possui experiência em atividades de extensão e movimentos sociais na interface com a educação e espaços de aprendizagem.

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Publicado
2017-12-18
Como Citar
Sá, A. L. de F., & Bezerra, M. dos S. (2017). OS DESAFIOS DA METODOLOGIA QUALITATIVA NAS PESQUISAS EM PSICOLOGIA E EDUCAÇÃO. REVISTA EIXO, 6(3), 3-11. https://doi.org/10.19123/eixo.v6i3.472
Seção
ARTIGOS