Bens Culturais afro-brasileiros: o ofício de mulheres negras trançadeiras em debate
Resumen
Este estudo tem como proposta apresentar os penteados afro trançados enquanto bens culturais da população negra brasileira. Para este intento, partimos da concepção que o ato de elaborar/fazer penteados trançados são consubstanciados em práticas identitárias que se inscrevem no universo feminino negro. Abordamos que as mulheres negras trançadeiras, em seu cotidiano profissional, são transmissoras de saberes manifestos em modos de fazer e expressões que constituem a memória e a identidade de um povo. Apontamos que o saber de elaborar tranças afro se inserem nos requisitos constitucionais e orientações internacionais para o reconhecimento de suas práticas enquanto bem cultural do patrimônio afro-brasileiro. Defendemos que essas expressões culturais precisam ser reconhecidas enquanto patrimônio cultural afro-brasileiro para que seus atores, as trançadeiras, tenham seu ofício valorizado e garantido por iniciativas institucionais. Além disso, mostramos as mobilizações de mulheres negras trançadeiras em busca de valorização profissional.Citas
ÁLVAREZ, Lina Maria Vargas. Poéticas del peinado afrocolombiano. Tesi de grado. Universidade Nacional de Colômbia. Universidade de Ciência Humana. Departamento de Sociologia. Bogotá, 2013.
BRASIL. Constituição (1988). Constituição da República Federativa do Brasil. Brasília: DFSenado, 1988.
______. Ministério da Educação. Diretrizes Curriculares Nacionais Para a Educação das Relações Étnico-Raciais e para o Ensino de História e Cultura afro-brasileira e Africana. Parecer CNE /CP 3 / 2004, de 10 de março de 2004.
FAGUNDES, Raphaela M. Penteado afro: cultura e identidade profissão. Fundação cultural Palmares, 2007. Disponível em: http:// C Chave=281 www.palmares.gov.br/00500502001/jspTT. Acesso em 20/06/2010.
FERNANDES, Otair; BARBOSA, Luciane. Patrimônio Cultural Imaterial dos Afro-Brasileiros na Baixada Fluminense: contradições e possibilidades. In: XVII Encontro de História da Anpuh-Rio. Anais… Rio de Janeiro: Instituto Multidisciplinar de Nova Iguaçu - UFRRJ, ago, 2016.
HALL, Stuart. A identidade cultural na pós-modernidade. 5 ed. Rio de Janeiro: DPA, 2001.
______. Que negro é esse na cultura negra? In: Da Diáspora: Identidades e mediações culturais. Belo Horizonte: UFMG, 2003, p.317-333.
HARAWAY, Donna. Saberes Localizados: a questão da ciência para o feminismo e o privílegio
da perspectiva parcial. Cadernos Pagu (5) 1995: pp.07-41.
HOOKS, Bell. Alisando o nosso cabelo. Cuba: Revista Gazeta de Cuba- Union de escritores y
artista de Cuba, jan./fev/, 2005. Tradução de: Lia Maria dos Santos.
GOMES, Nilma Lino. Trajetórias escolares, corpo negro e cabelo crespo: reprodução de estereótipos ou ressignificação cultural? Revista Brasileira de Educação, Campinas, n.21, p.40-51, set/out/nov./dez. 2002.
_____ Sem perder a raiz: corpo e cabelo como símbolo da identidade negra. Belo Horizonte: Autêntica, 2006.
LE GOFF, Jacques, História e memória. Campinas, SP. Editora; Sp. A Projeto Gráfico, 1990.
MIRANDA, Claudia; RIASCOS, F. M. Q.; OLIVEIRA, J. M. . Pedagogias decoloniais e interculturalidade: desafios para uma agenda educacional antirracista. Inꓽ Revista Educação em foco , v. 21, p. 65-85, 2016.
NOGUEIRA, Antônio Gilberto Ramos. Diversidade e sentidos do patrimônio cultural: uma proposta de leitura da trajetória de reconhecimento da cultura afro-brasileira como patrimônio nacional. In: Anos 90, Porto Alegre, v. 15, n. 27, p.233-255, jul. 2008.
OLIVEIRA, Luiz Fernandes. “A sala de aula é o último lugar onde ocorrerão mudanças” A Lei
645 suas implicações teóricas e práticas na recente produção acadêmica. In: MIRANDA, C.
(Org.). Relações Étnico-raciais na escola: desafios teóricos e práticas pedagógicas após a Lei.
639/2003. Rio de Janeiro: Quarter/ FAPERJ, 2017.
PAIXÃO, Marli Madalena Estrela. Uma rosa para meus cabelos crespos: experiências estéticas
e politicas da imagem. Dissertação de Mestrado em Ciências Sociais, UFMA, 2008.
POLLAK, Michael. Memória e identidade social. In: Estudos Históricos, Rio de Janeiro, vol. 5, n. 10, 1992, p. 200-212
ROCHA, Neli Gomes. Crespos: cabelo como ícone da identidade negra. Memória e estética, a circulação de ideias e valores na realidade brasileira. In: REVISTA NEP. Curitiba, v.2, n.1, p. 86-92, março 2016.
SANTOS, Jocélio Teles dos. O negro no espelho: imagens e discursos nos salões de beleza étnico. São Paulo: FFLCH/USP, 1996.
SANTOS, Luane Bento dos. O uso de tranças “afro” como um dos elementos de construção das identidades negras. Trabalho apresentado na disciplina Identidade Nacional e Diversidade Étnico-racial. Rio de Janeiro: PPRER, CEFET, 2012.
______.Na trama das tranças existem os saberes ancestrais matemáticos, artísticos e filosóficos. In: Catarinas, 03 abr. 2017. Disponível em: http://catarinas.info/colunas/na-trama-das-trancas-existem-os-saberes-ancestrais-matematicos-artisticos-e-filosoficos/. Acesso em: 05 dez. 2017
_____. Conhecimentos etnomatemáticos produzidos por mulheres negras trançadeiras. Revista da Associação Brasileira de Pesquisadores/as Negros/as (ABPN), [S.l.], v. 9, n. 22, p. 123-148, jun. 2017. Disponível em: <http://www.abpnrevista.org.br/revista/index.php/revistaabpn1/article/view/401>. Acesso em: 05 dez. 2017.
WADE, Peter. Gente negra, nación mestiza. Las dinamicas de las identidades raciales em Colombia. Bogotá: Ediciones Uniandes – Universidad de Antioquia – Instituto Conlombiano de Antropología – Siglo del Hombre, 2003.
WALKER, Alice. Cabelo Oprimido é um teto para o cérebro. In: Vivendo pela palavra. São Paulo: Rocco, 1988.
WOODWARD, Kathyn. Identidade e diferença: uma introdução teórica e conceitual. In: SILVA, Tomaz Tadeu da (Org.). Identidade e diferença: A perspectiva dos estudos culturais. Petrópolis, RJ: Vozes, 2000. p.7-39. Tradução de Tomaz Tadeu da Silva.
Autores que publicam nesta revista concordam com os seguintes termos:
- Autores mantém os direitos autorais e concedem à Revista EIXO o direito de primeira publicação, com o trabalho licenciado simultaneamente sob uma licença Creative Commons Attribution License até 5 anos após a publicação, permitindo o compartilhamento do trabalho com reconhecimento da autoria do trabalho e publicação inicial nesta revista.
- Autores têm autorização para assumir contratos adicionais separadamente, para distribuição não-exclusiva da versão do trabalho publicada nesta revista (ex.: publicar em repositório institucional ou como capítulo de livro), com reconhecimento de autoria e publicação inicial nesta revista.
- Autores têm permissão e são estimulados a publicar e distribuir seu trabalho online (ex.: em repositórios institucionais ou na sua página pessoal) a qualquer ponto antes ou durante o processo editorial, já que isso pode gerar alterações produtivas, bem como aumentar o impacto e a citação do trabalho publicado (Veja O Efeito do Acesso Livre).