Caderno de Resumos da II Semana de Reflexões sobre Negritude, Gênero e Raça - SERNEGRA

  • Editora IFB Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia de Brasília - IFB

Resumo

Por que mais um encontro de reflexões sobre relações de gênero e raça? Essa pergunta nos vem à cabeça na semana do formidável “Fazendo Gênero” que em sua 10ª edição parecer ter reunido “umas cinco mil pessoas na ilha”, segundo relato empolgado de uma das participantes também do SERNEGRA. Por quê?Porque, segundo dados da ONU, 70% das mulheres sofrem algum tipo de violência durante a vida devido a sua condição de gênero. Porque “mulheres de 15 a 44 anos correm mais risco de ser vítima de estupro e violência doméstica do que de câncer, acidentes de carro, guerra e malária”. Porque o estudo “Violência contra a mulher: feminicídios no Brasil“ acaba dedenunciar que entre 2009 e 2011 o Brasil registrou 16,9 mil feminicídios (mortes de mulheres por conflito de gênero), sendoque 61% dos óbitos foram de mulheres negras. Porque sabemos disso mesmo sem esses números, pois somos, a maioria denós testemunhas desses números, vítimas diretas ou indiretas. Quem entre nós não conhece de muito perto uma mulher quejá sofreu violência sexual em algum momento de sua vida? Porque, segundo o Relatório sobre Violência Homofóbica no Brasil, em 2012, 4.851 vítimas de violência homofóbica registraram as agressões sofridas, número que, sabemos, é a ponta de um iceberg de violações submerso em um trágico oceanode desumanidade. Porque apesar dos avanços consideráveis conquistado na última década, segundo o informe anual de 2012 da Anistia Internacional, a violência fatal contra nossos jovens continua atingindo “desproporcionalmente” a população jovem negra. Porque muitos de nós ainda acreditamos que não somos racistas. Porque muitos de nós ainda achamos que as médicas cubanasrecém-chegadas têm cara de empregadas domésticas e porque muitos de nós ainda não conseguimos descobrir “onde guardamosnosso racismo”, esse é mais um espaço para nos ajudar a revirar, encontrar e jogar fora todas essas misérias que nos afetame da qual nenhum de nós está inteiramente livre.
Publicado
2013-02-15